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Ex-primeira-dama relembra a gestão de Evandro Behr em Santa Maria

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Fotos:Arquivo Pessoal/A professora Bernardina de Barros Behr foi primeira-dama de 1989 a 1992 e acompanhou o marido, Evandro Behr, até a morte dele em 1996

Nascida em Júlio de Castilhos, a professora de Matemática Bernardina de Barros Behr, 73 anos, é viúva do ex-prefeito Evandro Behr, que governou Santa Maria de 1989 a 1992. Na adolescência, ela estudou no Colégio Sant´Anna e na antiga Faculdade Imaculada Conceição (FIC), que deu origem à Universidade Franciscana (UFN). Depois de morar em Porto Alegre e de viver um tempo na terra natal, Bernardina cursou o antigo Normal no Instituto de Educação Olavo Bilac. O casal morou em Santiago, Alegrete, Santa Cruz do Sul, Brasília e Porto Alegre, antes de retornar à Terra de Imembui para a campanha à prefeitura, em 1988. Nesta entrevista, a mãe de Evandro, Fernando e Carolina e avó de Gabriel, 9 anos, e Nina, 8, abre o coração e conta passagens da vida com o ex-prefeito.

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ENTREVISTA

Diário - Como a senhora conheceu o ex-prefeito Evandro Behr?

Bernardina de Barros Behr - Eu fazia geometria analítica na UFSM e pegava o ônibus para o campus na esquina do Taperinha. Um dia, observei um rapaz sentado no último banco. Lembro que um colega o convidou para uma festa. Então, aquele moço, que eu não sabia quem era, disse que não iria à festa porque tinha namorada. Isso me causou uma boa impressão. Além disso, achei ele muito bonito. Dias depois, soube que o nome dele era Evandro e que era presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Em um baile, perguntei a uma amiga quem era aquele homem de olhos tão lindos. Ela contou para ele e ficamos juntos. Logo, o Evandro terminou o relacionamento anterior. Namoramos um ano e dois meses e nos casamos em 27 de abril de 1969.

Diário - É verdade que quando vocês se conheceram tinham posições políticas bem diferentes?

Bernardina - Quando o Evandro foi candidato a presidente do DCE, fiz campanha contra ele, para outra chapa. Tínhamos pensamentos diferentes, eu era de esquerda. Na verdade, ele era mais pelo lado social do que eu (risos).

Diário - Como a senhora define Evandro Behr?

Diário - O Evandro era predestinado, tinha temperamento forte e muita convicção das ideias. Era humano, um apaixonado pela vida e pela música. As músicas prediletas dele eram Ave Maria e Tema de Lara. Ele tinha ouvido para música, gostava de compositores como Pixinguinha. Meu neto Gabriel saiu como ele. São muito parecidos.

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Diário - Como surgiu o convite para o seu marido ser prefeito?

Bernardina - Primeiro, ele foi candidato a deputado estadual pelo PDS (atual Progressistas). O convite veio a partir dessa experiência. Eu era extremamente contra o Evandro entrar na política. Ele insistiu. Disse que alguém tinha que fazer alguma coisa pela cidade e se candidatou.

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Diário - O que a senhora lembra da campanha?

Bernardina - Eu era funcionária na Fundação do Bem-Estar do Menor (Funabem) e meu salário era só para pagar a pintura de muros (risos). O comitê era na casa da minha sogra. Ninguém queria investir em quem tinha 3% (das intenções de voto). O Evandro sempre acreditou que poderia ganhar. Ele teve um sonho de que seria prefeito de Santa Maria.

Diário - A senhora influenciou na administração de Evandro?

Bernardina - Meu papel foi apoiar o marido em todas as situações possíveis. Desde o dia em que nos casamos, eu acompanhava todas as ações dele. Fiz isso até o dia em que Evandro morreu.

Diário - Qual foi o marco da administração dele?

Bernardina - Minha menina dos olhos foi a educação, aquele projeto das escolas-núcleo no interior, com turno integral. Foi uma pena não continuar. É claro que teve obras, como o viaduto (que leva o nome do ex-prefeito).

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Diário - Por quais momentos difíceis vocês passaram?

Bernardina - O acidente da Carolina (a filha do casal ficou em coma após um acidente de carro) foi crucial em nossa vida. Para mim, do ponto de vista pessoal, foi quando fui acusada, de forma totalmente injusta, no Caixa 2 (um suposto esquema de pagamento de propina a políticos por empresas de transporte coletivo em que a ex-primeira-dama e outros acusados foram inocentados). Para o Evandro, enquanto prefeito, foi a questão do viaduto (ação judicial movida pelo Ministério Público a pedido de vereadores) para impedir a obra da ligação Norte-Sul, hoje Viaduto Evandro Behr).

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Diário - A senhora já foi convidada a concorrer à prefeitura?

Bernardina - (risos). Até hoje sou convidada. No entanto, nunca aceitei. Acho que não tenho o perfil de uma boa prefeita.

Diário - Seu filho, Evandro, concorreu a vice-prefeito de Cezar Schirmer (PMDB), em 2000. A senhora é a favor dos filhos serem políticos? Bernardina - Sempre fui contra. Eu já perdi um para a política, não quero perder outro. Mas não interfiro nas escolhas, embora dê minha opinião.

Diário - A política contribuiu para a morte do seu marido?


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Com os netos Gabriel (filho de Fernando) e Nina (filha de Carolina)

Bernardina - Não vou fazer comentários a respeito desse assunto. Na verdade, entendo muito pouco de política. Ele tinha 49 anos quando faleceu. Foi difícil. Tive que ser pai e mãe.

Diário - Ficou alguma mágoa pelo partido não ter dando a chance do seu marido concorrer novamente?

Bernardina - Hoje, não tenho mágoa no meu coração a respeito disso. Procurei me espiritualizar.

Diário - Atualmente, qual é a sua ligação com Santa Maria e que locais são mais marcante para a senhora?

Bernardina - Minha principal ligação com a cidade é afetiva, por causa do meu marido. Venho uma vez por mês visitar meu filho Evandro, ajudá-lo na arrumação da casa (risos). Rezo sempre para que Santa Maria progrida. Atualmente, me restrinjo a poucas amizades. Há pouco tempo, perdi uma grande amiga, a Nina Pereira. Para mim, são marcantes a Catedral Diocesana, meu ponto predileto, o Colégio Sant´Anna, onde estudei, e a Vila Belga, que deveria ser um local turístico mais explorado.

Diário - O que a senhora gostaria de ver em Santa Maria em termos de projeto urbano?

Bernardina - Deveriam construir um trenzinho, ligando a cidade à Universidade Federal, como o Evandro queria.


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